Artes + Feminismos I Arte e Arquivo – julho de 2020

Artes + Feminismos I Arte e Arquivo – julho de 2020

Com eventos bimestrais, a maratona Edit-a-thon Artes + Feminismos tem o objetivo de aumentar a presença feminina na Wikipédia, seja nos verbetes ou na edição da ferramenta. O próximo encontro acontece nos dias 18 e 19 de julho, sábado e domingo, a partir das 14h, […]

Chamada aberta PAMA | Revista Desvio

Chamada aberta PAMA | Revista Desvio

Em acordo com as propostas da coletiva curatorial NaPupila, divulgamos a chamada aberta do grupo de Pesquisadoras sobre Arte e Artistas Mulheres na Academia (PAMA) da Revista Desvio.   O grupo PAMA contará com 10 encontros semanais e ocorrerá de modo virtual, entre os meses de agosto e outubro de 2020, através de videoconferência. […]

ENTREVISTAS

ENTREVISTAS

Conversar, trocar, compartilhar, todos são verbos de ação que incluem dois ou mais indivíduos no ato. Precisamos dividir, escutar e, assim, conseguimos aprender e compartilhar ensinamentos. Criamos uma seção no site do NaPupila de entrevistas para ser um espaço de troca. Troca entre nós, entrevistadores e entrevistados, trocas entre vocês, que nos leem, e possibilidades de gerar novas formas de interação, para além de apenas curtidas e likes.

As entrevistas se dividem em dois ramos: os das artistas e o das profissionais das artes. As entrevistas com as artistas serão conduzidas em conjunto com o grupo de pesquisa coordenado pela coletiva NaPupila. As pesquisadoras participantes, partindo de seus interesses e desejos, realizaram conversas com artistas contemporâneas que serão postadas no site com regularidade. O segundo ramo é ligado as profissionais da arte que nem sempre são visíveis pelo grande público mas são fundamentais para que a obra seja realizada, as instituições funcionem e que a arte esteja disponibilizada para todes.

Howard S. Becker, em seu livro Mundos da Arte, evidencia que, para a realização de qualquer tipo de arte é necessário um mundo de profissionais por trás de um artista, de uma instituição, de um performer. Evidenciar tais profissionais auxilia a quebrar com o dogma que o artista é solo e que não é necessária a manutenção de diferentes redes para a produção e circulação do trabalho artístico. Inauguramos a seção com a entrevista de uma profissional das artes.

A entrevista, conduzida por Julia Baker, integrante da
NaPupila, foi com Mayra Brauer. Formada em museologia, atua na área há mais de dez anos com experiências em museus e instituições culturais. Seja na Reserva Técnica, montagem de exposições ou catalogando obras de arte, Mayra está sempre com um sorriso, pronta para auxiliar seus colegas e o público.

Tive o prazer de trabalhar com ela por alguns anos e presenciava diariamente sua dedicação e amor pelo seu trabalho. Na entrevista, podemos não apenas conhecer sua trajetória profissional mas, também, percebemos como o papel da mulher deve ser problematizado nas instituições e em profissões que, não por acaso, lhes é dado o protagonismo.

NAPUPILA Nosso primeiro passo é pedir que nos conte um pouco de você. Como se deu seu início no mundo das artes. Por que a escolha de sua profissão – a museologia? O que é a museologia, como você atua nesse campo e quais possibilidades existem na profissão.

MAYRA BRAUER  – Minha relação com a arte vem desde criança. Estudei em escolas abertas e participativas, onde os alunos e famílias, professores e funcionários estavam envolvidos nos processos de ensino/aprendizagem, utilizando as mais variadas metodologias. Além desse processo de formação educacional, cresci no meio das artes. Por ser filha de museólogo, museus, exposições e obras de artes, já faziam parte da minha rotina. Não fui influenciada diretamente pelo meu pai, mas naturalmente o universo já me encantava e, neste sentido, acredito que sim, que ele tenha me ajudado na escolha profissional, mesmo que involuntariamente.

Em 2002, entrei para a Escola da Museologia, pela UNIRIO, e pelo menos meu pai conseguiu me ver entrar em uma faculdade pública, pois faleceu no ano seguinte. Foram quatro anos de curso, muita dedicação, estudo, militância, estágios e consegui me formar no fim de 2006, com a colação de grau no início do ano de 2007.

A Museologia, em seu sentido mais amplo, é a relação específica entre o humano e a realidade. É uma ciência que pensa o museu envolvendo o objeto, a coleção e a exposição em um contexto social, trabalhando no campo das experiências práticas e reflexões teóricas ligadas a todos os processos sociais. O museólogo é o profissional que se dedica à classificação, à conservação e à exposição de peças de valor histórico, artístico, cultural e científico. Temos como missão transmitir e divulgar conhecimento, desenvolvendo ações culturais sobre os acervos, planejar e executar documentações, administrar as coleções, promover o intercâmbio de peças com outros museus (empréstimos), gestão (planejando na execução e acompanhamento de projetos e políticas públicas relativas ao patrimônio histórico e cultural), organização de exposições (analisando a melhor forma de dispor e apresentar as peças). Podemos atuar em: Museus, Galerias de Arte, Institutos de Pesquisa, Centros de Documentação e Informação, Escolas, Universidades, Centro de Ciências e Tecnologia, Jardins Botânico, Zoológicos, Aquários e Planetários, Parques e Reservas Naturais, Sítios Históricos e Arqueológicos, Pequenas, médias e grandes empresas, Coleções Públicas e Particulares, Produtoras de vídeo e TV, Arquivos, Bibliotecas, Teatros, etc.

Desde 2013, estou na equipe de Museologia do Museu de Arte do Rio (MAR) no cargo de museóloga responsável pelo inventário da coleção museológica, os procedimentos internos da Reserva Técnica, recebimento de entrada de obras (doações) e também pelos processos que envolvem as exposições.

NP- Na sua trajetória profissional, você percorreu diferentes instituições. Pode contar um pouco das diferenças e semelhanças de cada uma delas, em relação a sua atuação profissional.

M.B. – Atuo no campo da museologia desde o primeiro estágio, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC/Niterói), e logo que me formei fui convidada a assumir o cargo de Coordenadora de Exposições. Tive a oportunidade de trabalhar também em projetos nas seguintes Instituições: Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) e Museu da Imagem e do Som (MIS). Como Coordenadora de Exposições no MAC/Niterói, além de todo o processo básico do profissional de museologia, como: acompanhar a curadoria na pesquisa à coleção, verificação do estado de conservação das obras, higienização, confecção e elaboração dos laudos técnicos e acompanhamento das obras com a equipe de montagem até o espaço expositivo/local definido na exposição; era necessário fazer também todos os processos burocráticos da Instituição (contratação de montadores, aprovação e definição de layout dos materiais gráficos e recebimento das equipes de plotagem). Isso porque, na época, éramos pouquíssimos profissionais na equipe, apenas três museólogas (grandes profissionais que me ensinaram muito do que sou hoje, Angélica Pimenta e Márcia Muller) para cuidar de uma coleção grande e de todos os processos museológicos. Portanto, ao finalizar uma montagem de exposição, as novas etapas de um novo Projeto já se iniciavam imediatamente.

No MNBA, o acervo é dividido por coleções (pintura, desenho, escultura, gravura, mobiliário, etc) e um museólogo chefe atua como curador desta coleção. Eu tive a oportunidade de trabalhar no Setor de Pintura e Desenho Brasileiro (com um grande mestre, Pedro Xexéo, que sempre tinha uma história para contar de cada item da coleção e eu, óbvio, ouvia atentamente cada palavra), onde atuava com a pesquisa da coleção, realizando a catalogação e também o recebimento de pesquisadores ao acervo. No MIS, eu participei de um projeto, também de catalogação, do acervo audiovisual. Éramos muitos profissionais, áreas interdisciplinares, atuando juntos. Foram meses de dedicação de pesquisa e muitas parcerias. Em ambos os projetos atuei como museóloga, mas de uma maneira diferente, e é essa diversidade que mais me encanta na minha profissão, além de me proporcionar muitos contatos e conhecimentos por onde passo.

NP- Como você vê a inserção das mulheres no campo das artes. A sua profissão já tende a ser majoritariamente feminina, por que acha que isso ocorre?

M.B. – No campo das artes vejo muitas mulheres atuando e acho importantíssimo o nosso papel. Nós, mulheres, além de lutar diariamente por direitos iguais, conseguimos trabalhar em vários projetos ao mesmo tempo, seja ele profissional ou pessoal. E melhor, ainda sorrimos. Sei lá, já nascemos com isso, uma espécie de aptidão mesmo (rs).

Quanto à museologia ser majoritariamente feminina, me recordo de um artigo que li do Professor Bruno Brulon, do Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), que nos anos de 1940, numericamente, era maior a presença de mulheres nos cursos de museologia, pois os primeiros programas para a formação de profissionais a serem criados no mundo não se propunham a formar diretores de museus/museólogos/administradores, mas sim “assistentes” para atuar nos museus. Por essa razão, as primeiras escolas eram destinadas a “jovens mulheres” que seriam treinadas para realizar as funções básicas de organização, manuseio, classificação e catalogação de objetos de museus. Olha o machismo aí! (que raiva). Não sei, mas acredito que por serem tantas mulheres atuando juntas, com a mesma formação e pensando o museu, elas conseguiram chegar aos cargos técnicos e mais altos das instituições e continuarem atuando atuando desde seus primeiros anos até os dias atuais, e sendo respeitadas.

NP – Você acha que “trabalhadores invisíveis” que fazem os museus (museólogas, educadores, montadores, seguranças, produção, limpeza, etc) são reconhecidos? Como poderiam ser mais reconhecidos e ter sua participação mais visível?

M.B. – Eu sempre digo que o trabalho do museólogo é invisível, os processos sãos gigantes, muitas atividades, mas que ainda falta muito reconhecimento. Trabalhar no museu é ter todo dia um aprendizado, é árduo, mas também é tentador. Museus são muito mais do que espaços de preservação do passado, é presente e é futuro. Nós, museólogos, possuímos uma característica única: “somos heróis”, exercemos com muita determinação e não desistimos. Nesses 13 anos de profissão vi de perto as dificuldades de manter um museu aberto, em movimento, vivo.

Gostaria muito de ver a profissão do museólogo mais respeitada, o que não é fácil em um país que não valoriza sua própria cultura, e no momento atual que estamos vivendo (crises, intolerância religiosa, censuras, pandemia, etc.) precisamos continuar acreditando nos museus, que são lugares que tem compromisso social e desenvolvem uma ação ativa na sociedade. Muitos museus no exterior já estão decidindo como a pandemia será lembrada, fotografias, objetos e obras de arte já vem sendo reunidas para formar as memórias desta época. Penso que todo corpo técnico de um museu merece ser ouvido, assim como seus visitantes. Essa troca que faz do museu um lugar de escuta e fala.

NP Dados mostram que a maneira como as mulheres ocupam os museus e demais espaços das artes nunca se dá em cargos altos. Também, se formos ver as coleções dos grandes museus, a quantidade proporcional de mulheres artistas nas coleções sempre parece bem reduzida em relação à presença de artistas masculinos. Queria saber o que você pensa disso. Acha que existe algum mecanismo para mudarmos tal cenário? Sente que as mulheres percebem essas discriminações?

M.B. – Sim, com toda certeza as mulheres percebem essas diferenças. Elas estão ali na nossa frente, não tem um único dia que não convivemos com isso.

Por trabalhar diretamente com as coleções, alimentando informações nos banco de dados e recebendo as doações, é impossível não ver que as mulheres/artistas são minorias e, mesmo fazendo campanhas ou projetos de exposições e doações de obras de arte feitas por mulheres, a quantidade de obras numa coleção em constante crescimento é normalmente de autoria masculina, o que faz com que numericamente a porcentagem não mude, infelizmente.

Além disso, penso, do que adianta essa representatividade nas coleções numericamente se não há visibilidade? Muitas obras das artistas mulheres nunca foram expostas. Precisam ser vistas, estudadas, sentidas por todos. Acredito que, para o momento político social que a gente vive, é muito importante que estejamos unidas. Temos que deixar de ser “números”, precisamos ser vistas, mas não em apenas um movimento e sim por toda vida.

Mayra Brauer – Museóloga, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO (2007). Tem um papel de relevância em Museus de Arte. Foi integrante de grandes Instituições Museológicas do Rio de Janeiro, como Museu de Arte Contemporânea de Niterói/MAC, Museu Nacional de Belas Artes/MNBA e Museu da Imagem e do Som/MIS. Desde de 2013 é museóloga do Museu de Arte do Rio/MAR, onde desenvolve as atividades de metodologias dos processos do inventário, documentação museológica e responsável pelos processos interno da Reserva Técnica. 

Colírio |Pequenas críticas

Colírio |Pequenas críticas

Colírio é um remédio cujo propósito é lubrificar, dilatar e inibir a pupila. Não é próprio do olho mas é majoritariamente utilizado neste órgão. Usamos o colírio para curar, ver através de novas lentes, permitir um novo olhar e sanar questões médicas. Pingamos, com cuidado […]

Artes + Feminismos I Arte e Trabalho – maio de 2020

Artes + Feminismos I Arte e Trabalho – maio de 2020

A coletiva de pesquisa NaPupila, o Wiki Movimento Brasil (WMB) e o Instituto Moreira Salles em continuidade ao trabalho do Arte+Feminismo no Brasil realizando a maratona online de edição “Edit – a – thon Artes + Feminismos / Arte e Trabalho”, nos dias 23 e […]

Arte + Feminismo | Wikipédia Edit-a-thon – março de 2020

Arte + Feminismo | Wikipédia Edit-a-thon – março de 2020

Ação coletiva/maratona de edição de conteúdo feminista para a Wikipédia

Edição 2020

Realização: NaPupila e Biblioteca EAV Parque Lage
Apoio: artandfeminism.org
Parceria: Instituto Moreira Salles (IMS) e Wiki Movimento Brasil (WMB)
Parceria: artandfeminism.org


A Wikipédia é o maior e mais popular site de referência geral na internet, com mais de 40 milhões de artigos em mais de 250 línguas diferentes. Devido ao seu licenciamento em Creative Commons, seu conteúdo se difunde para além das páginas da própria Wikipédia. Nesse cenário:

Apenas 10% de seus colabores se identificam como mulheres; uma pesquisa mais recente aponta para um percentual global de 16% e de 22% nos Estados Unidos.

Os editores trans e de gênero não-binário são basicamente inexistentes.

O NaPupila foi cofundado por três mulheres curadoras emergentes , como um grupo sempre experimentamos e discutimos questões de gênero. Embora tivéssemos considerações sobre como e por que as mulheres ainda são minoria como curadoras-chefe, diretoras de museus e pouco mencionadas em livros de arte, etc. Sentimos a necessidade de tornar isso mais visível para nossos colegas, destacando os tópicos femininos e de gênero em nosso trabalho.

Arte+Feminismo é uma iniciativa global que pretende suprir a lacuna de temas ligados a gênero na Wikipédia. Os eventos (conhecidos como edit-a-thons)  ensinam à pessoas de todas as identidades como editar a Wikipédia e diminuir a lacuna de gênero.

Todo ano durante o mês de março, ajudam a organizar eventos comunitários  da campanha Arte+Feminismo, onde pessoas de todas as identidades e expressões de gênero se reúnem para aprender a editar Wikipédia.

Nesses  eventos, as pessoas criam novos artigos e melhoram o conteúdo existente sobre  artistas de diferentes etnias, feministas, ativistas e criadores do vasto espectro de  gênero e identidade.


Entendemos que essas ações estavam em sinergia com muitas coisas as quais acreditávamos. Por isso, desde de 2019 realizamos edições do Edith-a-Thon. Em 2019 o evento aconteceu no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica no Rio de Janeiro e em 2020, na Biblioteca do Parque Lage.

Antes da quarentena, recomendada para conter a proliferação acelerada do CoVID 19 prevíamos dois encontros na Biblioteca da Escola de Artes Visuais do Parque Lage . A primeira reunião foi realizada no local em 10 de março de 2020 e a segunda (31/03/20) também seria na Biblioteca. Durante essa primeira reunião, NaPupila explicou como era fácil navegar e editar artigos na Wikipedia e discutimos sobre a falta de representação feminina em livros, Wikipedia e outras fontes de pesquisa.

Após a primeira reunião, fomos capazes de unir forças com outras instituições para termos mais participantes e fontes para o dia da maratona. O Instituto Moreira Salles – através da figura de Bruno Buccalon – forneceu material de pesquisa impressionante sobre as figuras femininas em sua coleção de arquivos. Érica Azzellini e Giovanna Fontenelle, do Wiki Brasil Movement – também foram parceiros incríveis antes e durante o evento. Eles têm um ótimo conhecimento sobre a plataforma Wiki e se ofereceram para ajudar os participantes durante o dia da maratona e depois. Como dissemos, planejamos realizar o evento no espaço da Biblioteca com todos os participantes reunidos, no entanto, devido às mudanças no mundo e à necessidade de aplicar distância social para evitarmos problemas de saúde e sociais no Brasil, fomos forçados a mudar o formato do evento e, devemos dizer, funcionou perfeitamente.

Pensando em maneiras de realizar o evento na situação atual, decidimos fazê-lo completamente online. Em 31 de março, a maratona foi realizada pelo aplicativo Zoom. Das 14:00 às 22:00, estávamos online realizando workshops explicando a importância dessa ação e como editar na Wikipedia. Nós e todos os nossos parceiros estivemos on-line o tempo todo, para podermos ajudar os novos editores e orientá-los.

Em apenas um dia, nossos colaboradores fizeram mais de 100 edições, foram criados 05 novos artigos, 21 foram adicionadas novas informações e 373 foram visualizados. Feminismo, gênero, arte brasileira, ativismo e feminismo foram os principais assuntos dos artigos em que trabalhamos.

Dados computados diretamente na plataforma


Mais de 30 pesquisadores, curadores e críticos de arte participaram de nossa maratona, acessando o aplicativo Zoom e trabalhando muito duro nos artigos e no entendimento das ferramentas WIki. Elas eram mulheres brasileiras, vivendo em diferentes estados e até países, que entendiam a importância da ação e como isso poderia reverberar em outras ações no mundo da arte que poderiam ajudar as mulheres a ter um papel mais protagonista em livros, pesquisas e historiografia das artes.

Outro resultado do edi-a-thon foi um grupo criado com algumas das participantes que decidiram fazer entrevistas com algumas das artistas femininas que incluímos e alteramos na Wikipedia. Enfrentamos novos tempos e novas maneiras de criar conexões e nos relacionar com as pessoas e, felizmente, nosso evento foi capaz de criar um grupo on-line caloroso, comprometido em desafiar a sub-representação de agentes femininas no mundo da arte. Mantemos nossos esforços em representar as mulheres e esperamos aumentar o número de participantes no próximo ano!


Um agradecimento especial a nossxs colaboradorxs diretxs:


Lua Barbosa – Yarinés Suárez – Tanja Baudoin – Juliana Machado – Rubia Luiza da Silva – Gabi Carrera – Bruno Buccalon – Amanda Tavares – Ana Vigorito – Bia Morgado – Bianca Bernardo – Bruna Araújo – Bruna Costa – Caroline Fucci – Cristina Barros – Daniela Kern – Érica Azzelini – Giovanna Fontenelle – Gabriela Noujaim – Ingrid Bittar – Juliana Proenço – Laís Ribeiro – Mariane Vieira – Priscila Medeiros – Tatiana Silva – Vanessa Tangerini – Luciana Grizotti – Silvia Schiavone – Rachel Souza – Thaís Azize – Lili Noujaim – Mariana Benatti – Rosangela Meger – Ingryd Lamas – Mariana Medeiros – Rachel Rezende – Celio Costa Filho – Letícia Larín – Laura Cattani – Carol Pezzin – Marília Alves – Gabriella de Castro – Eliz Almeida – Tais Barcia – João – Renan Lima – Inaê Coutinho – Ana Luiza de Abreu – Aline Besouro – Luana Fonseca


** A cada ano convidamos uma artista para ilustrar nossas peças de divulgação. Em 2020 a artista parceira foi Aline Besouro. Segue a baixo o trabalho original.


 

 

Aline Besouro
Pintura em nanquim
30x40cm
2020

 


 

 

 

 

 

 

Quer editar junto com a gente ? Siga os seguintes passos:

  • faca login na Wikipédia
  • Se cadastre como editora de nosso evento wiki aqui
  • Preencha esse formulário  para entrarmos em contato com você nas próximas eedições

Já tem uma pesquisa sobre uma artista ou iniciativa feminista de arte? Entre em contato!

Saiba mais sobre o Edith-a-thon nesse Guia Rápido

 


 

REPERCUSSÃO NA MÍDIA


 

 

 

 

 

*


Fotos de Gabriela Carrera


 

 

 

 

 

Edital Coletivos Urbanos

Edital Coletivos Urbanos

No mês de abril de 2019 fomos selecionadas pelo edital “Espaços de Autonomia”, uma iniciativa do professor Gabriel Schvarsberg em parceria com docentes e alunos da universidade santa Ursula. Tomando o espaço público como ponto de partida, a proposta consistia na possibilidade de criação de […]

Área Irrestrita

Área Irrestrita

Experiência Mesa n° 24 – dias 20 e 21 de setembro Local: Rua Jogo da Bola 119, Morro da Conceição – RJ / Praça Leopoldo Martins  Coletiva Curatorial:  Napupila Realização: A Mesa

O Atlante

O Atlante

De 12/01 a 02/02

Local: Alinalice, n 1022, Bairro das Laranjeiras

Coletiva Curatorial:  Napupila

Realização: Alinalice

O Atlante: quando o ser torna-se mar

Muitos acreditam na existência de um certo continente chamado Atlântida que teria sido uma grande potência naval nos anos 9.600 a.C. A crença é reforçada por Platão em seus textos Timeu e Crítias, onde descreve o continente e seu povo, os atlantes. Segundo o autor, os atlantes eram um povo com muitos conhecimentos marítimos e tecnológicos, o que garantia uma supremacia sobre os demais povos e os permitia invadir e colonizar
outras terras. Atlântida, segundo Platão, foi destinada a Poseidon – deus dos mares – e cabia a ele organizar como a ilha seria dominada. Rodeada de água, sob a regência do encantador de onda, Atlântida recebia fluxos de pessoas diferentes e a ligação de seu povo era intensa. Tanto que, seu destino final foi ser engolida pela água. As lendas contam que ainda hoje é possível encontrar o continente inteiro submerso no mar, em alguma região no oceano Atlântico. Fato ou invenção, Atlântida e seu povo habitam o imaginário popular e funcionam como analogia para estudiosos e escritores.

Beatriz do Nascimento, na antropofagia filosófica da resistência negra, comenta a dura saga dos escravizados africanos como povo atlante, habitantes do oceano. Assim como a água, ela atlânticafortalece sua cultura a partir dos encontros, da comunicação, dos movimentos migratórios, e da potência de dos rituais que herda. Ela evocam o fluxo como motivação de uma sobrevida, que não reconstitui o que foi deixado à margem, mas que resiste ao “tornar-se”.

No contexto contemporâneo, de acordo com a ONU, existem 783 milhões de pessoas no mundo que vivem sem água potável. Em 2025 esse número pode chegar a 1,8 bilhão. No Brasil, essa realidade toma de assalto os grandes centros, mesmo sendo esse o país que abriga o maior aquífero do mundo, o Guarani.

A água está em 2/3 do planeta e mais da metade desse percentual é utilizado para a nossa subsistência. Fluxos que atravessam a nossa constituição física, como a lágrima, o suor, a saliva, a placenta e a urina, e que inevitavelmente ganham conotações simbólicas, afinal somos água – um adulto possui até 65% de água em sua composição corpórea, o que em um recém-nascido chega a 78%.

Deixar de ser gota para tornar-se oceano é uma metáfora sobre o movimento de renovação que se prolonga entre a vida e a morte. A água é o elemento que materializa esse ciclo. Incolor e inodora, ela alimenta a vida e purifica os acúmulos deixados pela existência. Simboliza a gênese, a impermanência e a calamidade. Nas abluções islâmicas, no batismo cristão, nos mikved judaicos, nos rituais funerais do hinduísmo, na alquimia antiga, a água aparece como matéria que restitui os seres e as coisas ao seu estado de pureza.

Hidras, sereias, ninfas, e leviatã foram evocados pela literatura das águas, presente nos mapas de navegação, na oralidade anciã e na história das descobertas colonialistas.

Neste sentido, partindo das diferentes experiências de um conjunto de seis artistas, O Atlante: quando o ser torna-se mar, vêm dialogar com nuances diversas e algumas das variadas representações que o ser Atlante pode vir a ter.

Em um cenário tropical, Maria Sabato, se lança à sorte em um mergulho na caixa d’água. Sendo a palavra água um substantivo feminino e ligado à ideia de sagrado, o rito de libertação que esse banho orienta nos diz sobre a autonomia dos corpos e satisfação de desejos.

A partir de uma chancela laboratorial, André Anastácio apresenta o resultado da coleta, produzida em diferentes partes da cidade, de sons e vibrações da água, os quais representam suas várias densidades e particularidades, em uma síntese relacional com a
vida.

Alexandre Vogler assume a postura de um caiçara que, ao navegar pela Baía em uma canoa, documenta, ao mesmo tempo em que critica, o desajustado modelo político e social do planejamento urbano da cidade do Rio de Janeiro.

Através das ondas de seu livro objeto, Gabriela Noujaim afirma a possibilidade de fortalecimento das pontes afetivas entre grupos marginalizados, mesmo aquelas criadas em momentos limítrofes da humanidade, como no período do Apartheid -regime de segregação racial; onde a população da África do Sul teve seus direitos suprimidos por uma minoria branca dominante.

Em suas ações performáticas o grupo de artistas do Coletivo Liquida Ação se apropria da água para comentar e questionar certezas políticas e sistemas econômicos. Através de seu repertório referencial produz intervenções que venham a derrubar verdades institucionais.

A infinitude e repetição do mar se apresentam no trabalho de Bob N. Na obra o artista consegue capturar as possibilidades que o oceano nos oferece que, mesmo parecendo múltiplas são repetições de ações sem fim.


Água é matéria, matéria prima da vida, permite encontros e desencontros, fluxos migratórios, trocas monetárias e sociais, principalmente em cidades como o Rio de Janeiro, onde a praia se torna personagem principal do verão.Pensando em todas as possibilidades poéticas, sociais, políticas e estéticas que a água pode nos trazer, reunimos aqui trabalhos cujo a força motriz é a água.

Curadoria
NaPupila – Ana Lobo, Julia Baker e Michaela Blanc

Fotos: Rizza

____________________________________________________________

Artistas

Liquida Ação: Coletivo Liquida Ação: O Coletivo Líquida Ação, formado em 2006, realiza performances com artistas de diversas áreas. Em suas ações/intervenções, o uso da água como bem comum e elemento vital desloca fronteiras sociais, políticas e culturais das cidades promovendo uma liquidação da arte em lugares públicos.Corpo/água/espaço são dispositivos de montagem de ações líquidas que absorvem o espaço vivido e subvertem as medidas do tempo utilitário. Explorada como elemento transitório, diluidor e purificador, a água materializa diversas temporalidades da performance nesta pesquisa artística em torno de uma estética da alteridade.O Coletivo é entendido como espaço político que coloca em risco as certezas sólidas, desafia nossas diferenças pelo dissenso, e pulsa necessidades vitais em direção ao comum. https://www.coletivoliquidaacao.com/
________________________________

Alexandre Vogler: Artista Plástico, Doutorando em Linguagens Visuais pelo Programa de Pós-Graduação da Escola de Belas Artes – UFRJ. Professor do Instituto de Artes da UERJ. Desenvolve desde 2000 trabalhos em contexto público e sistemas de comunicação tais como Atrocidades Maravilhosas, Fumacê do Descarrego, Olho Grande, Tridente de Nova Iguaçu e Retrofit. Realizador do curta-metragem Base para Unhas Fracas, 35mm, 2011 e co-Diretor da peça teatral Aplique de Carne (2013). Realiza as individuais: Base / Tridente NI, Centro Cultural São Paulo, 2009; Abre Caminho e O Condomínio na Galeria A Gentil Carioca , 2007 e 2005 respectivamente e Pintura de Fresnel no Paço Imperial, RJ, 2018.http://www.alexandrevogler.com.br/

________________________________

André Anastácio: Artista Plástico e pesquisador (PPGAV-EBA), desenvolve sua prática nas áreas de tecnologias híbridas, circuit bending, arte sonora, sonificação, dispositivos interativos, e mediação sociopolítica. Colaborador do laboratório NANO em plásticas sonoras híbridas, integrou os coletivos Uoco(Arte sonora), Biônicos (experimentação digital), Zebra(Arte Urbana). Expôs trabalhos em diversos espaços como: Casa Rio, Casa Comum, CMAHO, Festival de Cultura Digital, Casa França Brasil, Museu do Amanhã, entre outros. Seu processo de criação costuma fazer uso da tecnologia aplicada a determinados contextos, para provocar reflexões  do “imbricar das dinâmicas e relações sociais” com o meio habitado. https://4n4st4cio.wordpress.com/portfolio/ritos/

________________________________

Gabriela Noujaim é gravadora, vídeomaker e professora. Em 2011, recebeu a Menção Honrosa, no festival de vídeo arte “Lumen EX”, em Badajoz, Espanha. Foi Prêmio Aquisição no 39o Salão de Arte Contemporânea de Santo André, SP, e realizou uma exposição itinerante “Luz e sombra”, no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Sousa, PB e Juazeiro do Norte, CE.

Participou de diversas exposições coletivas entre elas: “Black Tie” no Centro Cultural BNDES, RJ, em 2011, “Entre imagens” na Galeria Largo das Artes, RJ, em 2007, “Extra- Muros”, no Paço Imperial, RJ, em 2005 e “Posição 2004” na EAV do Parque Lage, RJ, em 2004. Possui obras em acervos dentro e fora do Brasil.} https://gabinoujaim.blogspot.com/

________________________________

María Sabato, 1984, Ciudad de Buenos Aires

Fotógrafa profissional pela Escola de Fotografia Criativa de Andy Goldstein, Buenos Aires, Argentina. Em 2015 recebeu uma bolsa da Escola de Artes Visuais do Parque Lage para cursar o Programa anual Práticas Artísticas Contemporâneas II, dirigido por Lisette Lagnado. Tem participado em exposições coletivas e realizado projetos individuais em cidades como Buenos Aires, Rio de Janeiro e Tokyo. Também realizou residências artísticas em espaços como FAAP (SP, 2016) e Despina (RJ, 2014)

Em 2018, já na cidade de Buenos Aires fez o Programa de CIA (Centro de Investigaciones Artísticas) dirigido por Roberto Jacoby, e fez residência nos ateliês MARCO Arte Foco.

Atualmente está cursando,em Madrid, mestrado em prática cênica e cultura visual, no Museu Centro de Arte Reina Sofia.

O curso da investigação/pesquisa prática de Maria vem sido guiado pelos deslocamentos físicos e simbólicos inerentes à condição de mulher estrangeira. A sua pesquisa apresenta-se em forma de fotografias, vídeos, instalações e ações participativas em diferentes espaços público-estéticos, nos quais o seu corpo costuma ser o principal suporte e objeto de trabalho.

Através de diferentes práticas do campo da arte, pesquisa e problematiza sobre a sua trajetória nômade, a relacionalidade intercultural, o consumo, a mídia de massa, a desterritorialização e a possibilidade de sociabilizar ou criar comunidades efêmeras aleatoriamente a partir de uma ação determinada.

Nos últimos tempos, tem concentrado suas intervenções na relação existente entre a circulação de objetos de consumo comestíveis e o corpo da mulher, com a finalidade de refletir e questionar, entre outras coisas, os critérios de identificação feminina esperados pelas distintas sociedades. https://cargocollective.com/mariasabato

________________________________

Bob N

Bob N é artista plástico. Nasceu em 1967, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha.Estudou com Ivan Serpa, Orlando Mollica, João Magalhães, Anna Bella Geiger, além de outros tantos mestres.

Participou da Bienal de São Paulo SP; Bienal de Liverpool; Contemplation Room Overgaden Gallery – Copenhagen, Dinamarca; Bienal VentoSul, MAC – Curitiba, PR; Um Século de Arte Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM – RJ; Pindorama Lounge, Pinacoteca – SP; Individual MAM-RJ; Visões do Paraíso, MAC – Niterói; Fuit Hic, individual Museu da República – Rio de Janeiro, RJ; Salão da Bahia, MAM – BA; Abre Alas, A Gentil Carioca – Rio de Janeiro, RJ; Ncruzilounge, A Gentil Carioca – Rio de Janeiro, RJ; VERBO, Galeria Vermelho – São Paulo, SP; Desde Rio, Galeria Belleza Y Felicidad – Buenos Aires, Argentina; NANO, Galeria Studio 44 – Estocolmo, Suécia; Ciclope, Centro Cultural Chacao – Caracas, Venezuela; Para Atravessar Contigo o Deserto da Vida C. Galeria RJ. http://www.bobn.ws/pt/cv_bio/

________________________________

Edição de vídeo: João Paulo de Oliveira

#5WomenArtists

#5WomenArtists

No mês de março a coletiva curatorial Napupila propôs ações para comemorar o protagonismo das mulheres artistas nos espaços físicos e virtuais. Somamos força ao #5WomenArtists, uma iniciativa simples e efetiva do National Museum of Women in the Arts. Usando a hashtag # 5WomenArtists , […]