Para concebir (1985-1986), Marta María Pérez Bravo

Para concebir (1985-1986), Marta María Pérez Bravo

O corpo feminino é assunto frequente no campo das artes visuais. Pinturas, esculturas e retratos, a imagem da mulher está sempre presente. Porém, como esse corpo é retratado? As musas e deusas são mulheres fictícias que se tornam modelos de mulheres reais. A representação da mulher, nas artes ou nas mídias, parece sempre ser manipulada, nunca ser determinada pela realidade e sim por um desejo de uma imagem: a de mãe, esposa ou símbolo sexual perfeito. A carne pede uma representação mais real, com mais dobras, cicatrizes, marcas do que uma representação de um mármore liso. Evidenciar os corpos.

Corpos que passam por diferentes estágios, envelhecem, se transformam e carregam vida. Períodos como a gravidez ou o pós parto, por vezes, são construídos em cima de mentiras, de momentos perfeitos em que dúvidas e dor não estão presentes. Na série Para concebir, Marta María Pérez Bravo, coloca seu corpo grávido em evidência. Aqui não existe uma ideia sublime do estado da geração de vidas, é percebido um corpo em transformação, um corpo que vira casa mas que sofre transformações. 

Na imagem selecionada para o Colírio, a artista revela seu ventre com dois pequenos bonecos, ela estava grávida de gêmeos na época. Na imagem, apenas seu ventre. Ao escolher não colocar seu rosto nas fotografias, Bravo conta a história de mulheres e não apenas a sua. O anonimato da imagem permite uma identificação com a história do corpo grávido por várias mulheres, não personifica o corpo em apenas uma pessoa.

Colírio por Julia Baker



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