ZIP (504), un país cinco estrellas (2001) – Proyecto Artería

ZIP (504), un país cinco estrellas (2001) – Proyecto Artería

Empresa maquiladora é um termo que surgiu no México, embora tais empresas existam em diversos países da América Latina e, atualmente, em larga escala nos países do sudeste asiático. São empresas nas quais o produto a ser comercializado é montado para ser vendido em outro país. Por exemplo, as peças de um relógio são fabricadas nos Estados Unidos, importadas (sem tarifas) para a Tailândia, onde serão montadas no produto final e, depois retornam ao país que exportou as peças. A peça nunca fica no local das empresas maquiladoras, ela é vendida a altos preços nos países cujas marcas promovem o consumo sem parar dos mais novos itens produzidos. É inegável a semelhança com as fábricas de miséria ou sweatshops iniciadas no século XIX. Nos dois exemplos citados, os trabalhadores recebem um baixo salário para exercer trabalhos manuais repetitivos, sem perspectiva de mudança ou de uma vida melhor. A lógica da exploração é visível apesar de se disfarçar entre acordos comerciais entre países nos quais as promessas de empregabilidade em regiões carentes e os baixos custos de instalações atraem o capital. 

Denunciar as situações de exploração, trabalho mal remunerado e de relações econômicas dessa prática específica foi o que levou o coletivo Artería, de Honduras, a criar o trabalho ZIP(504). Como bem apontado em textos sobre o trabalho, o resultado final, a obra produzida, não dá conta de todo o trabalho e pesquisa realizado sobre a situação das empresas maquiladoras para a realização do trabalho que envolveu conferências e intervenções nas fábricas. A obra final consistiu na produção de mil e quinhentas camisas de tamanho pequeno distribuídas nas cidades por onde o trabalho passou. O elemento que as diferenciava era sua etiqueta interna, de tamanho maior que o padrão com instruções de cuidado, como encontramos normalmente em peças de roupa. Porém as instruções não eram exatamente como lavar, passar ou enxaguar a camisa, eram um poema sobre a precarização do trabalho voltado para as empresas de maquilar. O nome da obra já evidenciava a problemática da relação laboral empregada nos países latinos e asiáticos, ZIP é a sigla para Zona Industrial de Processamento e 504 é o código internacional de Honduras. ZIP, em inglês, significa CEP, assim a obra localiza o país de criação do produto, mostrando que, mesmo que para o consumidor final não importe como o produto foi produzido, é necessário reconhecer por quais países ele passou, o que a sua produção acarretou, como a exploração se faz presente no consumo de massa. 

O coletivo desejava, através da visibilidade da obra, chamar atenção às práticas econômicas e suas implicações sociais em países periféricos, provocar um debate em outros circuitos para além das mesas de debates econômicos. Afinal, você sabe o que os produtos que consome carregam?

Colírio por Julia Baker



Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *