Los conquistadores (1961-1962) – Violeta Parra

Los conquistadores (1961-1962) – Violeta Parra

Violeta Parra foi muitas. Artista visual, folclorista, cantora, compositora, isso para citar apenas algumas de suas várias entradas no âmbito cultural. Durante sua curta vida, ele cometeu suicídio com apenas 49 anos, ela investigou a cultura chilena, catalogando manifestações populares e sendo uma das principais vozes femininas na música popular. Junto com sua produção musical também pintou, fez obras em tecido e papel machê. Atualmente sua produção visual se concentra em um museu que carrega seu nome em Santiago.

Sua produção artística dialoga com suas viagens pelo país, principalmente para a zona rural. Parra retrata o cotidiano da população, suas crenças e momentos históricos de seu país. 

Na obra “Los conquistadores”, a artista retrata a invasão de seu país através do bordado. Estão presentes os poderes que massacraram a população originária: a exploração da espada, da cruz e da terra. Na imagem percebemos que a fartura antes presente não aparece mais, as árvores foram cortadas e se tornaram mais uma mercadoria dos espanhóis que vinham procurando riquezas. Um padre se aproxima de uma figura singular. É a única, na obra, que possui uma coloração única, dos pés a cabeça, como se estivesse despido. Porém seu corpo é composto por duas cores diferentes, é dividido entre tonalidades, parece representar duas possibilidades, dois gêneros que na terra já se encontravam. Em uma mão parece segurar um bordado que estava produzido, na outra seu pulso jorra sangue em um jarro. Estaria a figura representando a morte de tantos durante o processo de colonização? Enquanto jorra sangue, um padre se aproxima. Chega para salvá-la, ajudá-la a entrar no reino dos céus mas a que custo?

Ao fundo da imagem vemos uma figura montada em um cavalo com uma lança. Um pouco mais afastada temos outra pessoa com uma machadinha, pronta para derrubar mais árvores. O céu parece pegar fogo.

A linguagem de Parra não deixa dúvidas, ela traduz em seu bordado uma época de exploração e destruição de seu país. De maneira explícita, questiona os poderes que lá chegaram e foram instaurados, sempre com alguma justificativa ligada à salvação de quem aqui estava. Estranho pois nunca perguntam se queremos ser salvos. 

Parra cria sua obra com a delicadeza do bordado mas transparece as marcas de violência que o processo da chegada dos europeus deixou pelo Chile.



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