#dominicanwomengooglesearch (2016) – Joiri Minaya

#dominicanwomengooglesearch (2016) – Joiri Minaya

Qual o imaginário que ronda a mulher caribenha? Os países da região são vendidos como paraísos tropicais, destinos de férias paradisíacas com praias de areias brancas e águas transparentes. Mas essa imagem idílica não é traduzida na realidade das ilhas. Durante séculos foram exploradas e colonizadas, tiveram que lutar por sua independência além de enfrentarem problemas naturais que destruíram casas e deixavam um rastro de violência. Escondidos dos resorts de luxo com preços altíssimos, existe uma população que sofre com desigualdades sociais perpetuadas desde o tempo da invasão das Américas. Junte-se a esses fatores os estereótipos criados sobre os habitantes das ilhas. Sorridentes, amigáveis, prestativos, sensuais, sexuais…

As intenções de classificação da população caribenha se alinham com as ideias perpetuadas desde o século XV, só que sofrem atualizações. O mito do bom selvagem se esconde nas palavras empregadas para descrever as ilhas e seus habitantes. Ideias são perpetuadas, especialmente se pensarmos na mulher caribenha, em sua maioria mulheres racializadas.

O trabalho da artista Joiri Minaya parte de uma simples premissa: quais imagens irão aparecer em minha tela ao procurar mulheres dominicanas. Que imagens você imagina que podem surgir? Caso não consiga imaginar, faça uma pequena troca de região, que imagens irão aparecer se colocasse mulheres brasileiras? O imagético destinado às mulheres latinas e caribenhas é compartilhado. Sensualidade e pouca roupa parecem pipocar na tela. Serão essas representações fidedignas das mulheres habitantes da região?

A partir das imagens encontradas, a artista recorta as partes visíveis do corpo e as amplia, cria uma instalação em que encontramos partes do corpo das mulheres misturadas a estampas com temáticas tropicais. Stuart Hall ao falar sobre representações e a estereotipagem, nos apresenta um argumento sobre o fetichismo nos corpos negros femininos. Quando fetichizado esse corpo deixa de ser uma unidade, se torna partes: é uma bunda, um peito ou vagina. A mulher não está lá, se torna um objeto a ser possuído. Minaya usa de artifício similar para questionar as representações das mulheres dominicanas e como elas não possuem gerência sob as imagens que circulam nos espaços a respeito delas. Ao separar as partes corporais das fotografias encontradas em sua busca, revela a objetificação do corpo, pois ele é apenas um pedaço de carne. No espaço tridimensional os “objetos corpos” se separam e se combinam, giram e criam novas mulheres, novas associações que perpetuam o estereótipo. 

Para saber mais sobre a artista, acesse: http://www.joiriminaya.com/

Colírio por Julia Baker



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