Birth of Oshun (2017) – Harmonia Rosales

Birth of Oshun (2017) – Harmonia Rosales

Quantas histórias da arte existem? Somos induzidos, desde a mais tenra idade na escola, a reconhecer a construção da arte a partir da história hegemônica europeia. Nomes como Michelangelo ou Da Vinci são destacados como grandes artistas, responsáveis pela construção dos gostos estéticos ocidentais. O nosso olhar foi educado para uma arte europeia, criada majoritariamente por homens brancos. É necessário questionar a narrativa que nos é dada e decolonizá-la com urgência. 

Na série Imaginário Preto para Combater a Hegemônia (Black Imaginary to Counter Hegemony), a artista Harmonia Rosales faz uma releitura de pinturas europeias repensando as figuras centrais, colocando sempre mulheres e homens pretas/os em destaque. A sigla da série, em inglês, forma a palavra bitch, uma expressão usada amplamente em inglês, seja para se referir a mulheres ou homens que reclamam muito ou são entendidos como desagradáveis mas que também pode significar uma mulher forte, com suas próprias opiniões. No Colírio de hoje trouxemos a obra Birth of Oshun (Nascimento de Oxum).

Oxum é a rainha das águas doces, senhora da beleza e sensibilidade. Na pintura de Rosales, ela substitui a Vênus de Botticelli, que também emerge das águas, segundo a mitologia romana. A imagem de Rosales é de uma mulher negra com vitiligo pois, como diz a artista: “as imperfeições são coisas bonitas”.  Mulheres são reais, mesmo quando pertencentes a narrativas de cosmologias ancestrais. O cenário da pintura é tropical e não uma paisagem europeia. As outras figuras são homens e mulheres negra/os que recebem Oxum para acolher seu lançamento e a recebê-la nesse novo mundo.

A partir da releitura de Rosales, O nascimento de Oxum nos faz questionar quem são os mestres da arte que estão nos museus, quais são as obras que consideramos “clássicas” e quais personagens são mais visibilizados. Histórias das artes precisam ser contadas. Ao trocar os personagens centrais de pinturas representativas de uma narrativa criada como única, a artista questiona o sistema das artes e social. Como ela diz: as pessoas negras sempre estiveram lá.

Para saber mais sobre a artista, acesse o site: https://www.harmoniarosales.com/

Colírio por Julia Baker



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