Artista a domicilio (2012 – presente), Ana Aristimuño

Artista a domicilio (2012 – presente), Ana Aristimuño

A relação espectador artista nem sempre é direta. Quando um visitante adentra um museu ou espaço cultural, seu encontro não é com o artista e sim com a obra produzida. É inegável que, muitas vezes, o público vai atrás da obra de determinado artista, quer ver o trabalho daquela pessoa, procurar a assinatura no canto da obra. Porém a recepção não passa pelo criador. Uma vez no mundo, a obra será interpretada através de olhares e projeções diferentes da intenção inicial de seu realizador. E está tudo bem!

A relação público e arte parece criar uma barreira entre o artista e os consumidores de seu trabalho. Quando eles se encontram? Em que momento uma troca pode existir? Parece que esses momentos são muito pontuais: em uma palestra ou na abertura de uma exposição. Mesmo quando a obra necessita do artista presente, como uma performance, a troca nem sempre ocorre com o público. A mesma barreira que parece existir quando separamos o palco da plateia se remete nas artes visuais, aqui sendo a obra e o espectador.

Artista a domicílio é uma obra que investiga as possíveis relações do espectador e do artista. Ana Aristimuño entra na casa de diferentes pessoas. Lá convive e troca, realiza pinturas, trabalha e conversa com os habitantes daquele lar. A performance coloca em xeque a relação público com a obra. A obra é a convivência, é a troca que irá se realizar naquele espaço de tempo. O encontro é o resultado.

Junto com a nova dinâmica estabelecida pela artista e seu espectador, a obra também cria um ambiente de encontro atípico, o espaço do lar. Local comum para receber quadros e gravuras, mas não performances, ainda mais quando o corpo disponível não está lá para uma grande audiência mas apenas para os habitantes daquela casa, por um curto período de tempo. 

Quando você recebe o artista em seu domicílio, quais relações podem ser criadas? Que obra será desenvolvida? Repensar como recebemos o trabalho de arte, o encontro e a produção de sentido nas obras permeiam a visita de Ana realiza nas diferentes casas. O trabalho nunca irá se repetir, em cada lar a interação depende não apenas do que a artista propõe mas também do que os habitantes estão dispostos a fazer. Diferente encontros irão produzir diferentes performances momentâneas. 

Colírio por Julia Baker



Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *