Cheap and Clean- Interrogating Masculinities Project (2012) – Ebony G. Patterson

Cheap and Clean- Interrogating Masculinities Project (2012) – Ebony G. Patterson

Existe um gênero de música jamaicano que, durante muito tempo, não era propagado como o ritmo da nação. Criado no gueto, o dancehall conquista, desde meados dos anos 1970, jovens com sua batida e steps elaborados. De Bogle à Latonya, Bounty Killer à Aidonia, o dancehall tem personalidades que criam steps de dança elaborados e cantores com músicas com letras variando entre declarações de amor à ostentação e p*taria. Nos últimos anos, o ritmo e as coreografias vem realizando um câmbio intercontinental, com dançarinos jamaicanos realizando workshops no Norte global e populares cantores das charts internacionais realizando features com djs e cantores da Jamaica. Atualmente, reconhecer a musicalidade do país é saber mais sobre o ritmo, não vendo a nação apenas enquanto o berço do reggae.

Na cultura dancehall, performar masculinidade e feminilidade é necessário, inclusive no espaço da dança. Um homem não pode fazer um whine (rebolar), passo feminino pois poderia ter consequências graves como colocar em questão a sua masculinidade. A dualidade dos gêneros deve ser marcada na dança e no corpo.

No seu projeto Cheap and Clean- Interrogating Masculinities, a artista jamaicana Ebony G. Patterson conversou com rapazes entre as idades de 8 e 22 anos em Kingston sobre quais parâmetros são usados para definir um homem ou o masculino. Junto com as conversas, em que a artista ia colocando em xeque algumas ideias do que é ser homem (prover para sua família, respeitar a sua companheira, performar agressividade), ela também pediu que os rapazes desenhassem uma roupa que representasse seu ideal de figura masculina. A roupa foi confeccionada e os jovens participaram de uma sessão de fotos, para registrar, com seus trajes, o que era a sua masculinidade. Não apenas as roupas, mas suas poses, o uso de armas de brinquedo e dinheiro, simbolizavam o que esse padrão de virilidade representava para os jovens. 

Junto com as imagens produzidas, a artista conduziu entrevistas nas ruas de Kingston e fez um documentário. Em um país em que os LGBTQIA+ ainda sofrem constantes importunações, correndo risco até de encarceramento, rever o que simboliza o masculino, principalmente entre os jovens, é importante. Mesmo com flutuações entre quais roupas um homem ou mulher podem utilizar para marcar seu gênero, a agressividade ainda permeia o imaginário do masculino. Patterson realiza um trabalho questionador, incentivando a revisão de padrões sociais estabelecidos sobre a performance do ser homem. Afinal, homens choram e usam rosa.

Para conhecer mais sobre a artista, acesse: http://ebonygpatterson.com/

Colírio por Julia Baker



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