¿Quién puede borrar las huellas? (2003), Regina José Galindo

¿Quién puede borrar las huellas? (2003), Regina José Galindo

Quem pode apagar os rastros é o nome da performance que Regina José Galindo realizou em 2003. Ela fez, a pé, o percurso entre o Tribunal Constitucional até o Palácio Nacional da Guatemala (residência do presidente do país). Em sua caminhada, carregava uma bacia com […]

Evanescer (2010) – Angie Bonino

Evanescer (2010) – Angie Bonino

Em que mundo vivemos? Em que mundo queremos viver? Por quais informações e imagens somos massacrados diariamente? E qual o momento em que podemos escapar? Em um ambiente delirante, o vídeo-arte de Angie Bonino parece acontecer em um estado de suspensão. Parece que entramos no […]

ZIP (504), un país cinco estrellas (2001) – Proyecto Artería

ZIP (504), un país cinco estrellas (2001) – Proyecto Artería

Empresa maquiladora é um termo que surgiu no México, embora tais empresas existam em diversos países da América Latina e, atualmente, em larga escala nos países do sudeste asiático. São empresas nas quais o produto a ser comercializado é montado para ser vendido em outro país. Por exemplo, as peças de um relógio são fabricadas nos Estados Unidos, importadas (sem tarifas) para a Tailândia, onde serão montadas no produto final e, depois retornam ao país que exportou as peças. A peça nunca fica no local das empresas maquiladoras, ela é vendida a altos preços nos países cujas marcas promovem o consumo sem parar dos mais novos itens produzidos. É inegável a semelhança com as fábricas de miséria ou sweatshops iniciadas no século XIX. Nos dois exemplos citados, os trabalhadores recebem um baixo salário para exercer trabalhos manuais repetitivos, sem perspectiva de mudança ou de uma vida melhor. A lógica da exploração é visível apesar de se disfarçar entre acordos comerciais entre países nos quais as promessas de empregabilidade em regiões carentes e os baixos custos de instalações atraem o capital. 

Denunciar as situações de exploração, trabalho mal remunerado e de relações econômicas dessa prática específica foi o que levou o coletivo Artería, de Honduras, a criar o trabalho ZIP(504). Como bem apontado em textos sobre o trabalho, o resultado final, a obra produzida, não dá conta de todo o trabalho e pesquisa realizado sobre a situação das empresas maquiladoras para a realização do trabalho que envolveu conferências e intervenções nas fábricas. A obra final consistiu na produção de mil e quinhentas camisas de tamanho pequeno distribuídas nas cidades por onde o trabalho passou. O elemento que as diferenciava era sua etiqueta interna, de tamanho maior que o padrão com instruções de cuidado, como encontramos normalmente em peças de roupa. Porém as instruções não eram exatamente como lavar, passar ou enxaguar a camisa, eram um poema sobre a precarização do trabalho voltado para as empresas de maquilar. O nome da obra já evidenciava a problemática da relação laboral empregada nos países latinos e asiáticos, ZIP é a sigla para Zona Industrial de Processamento e 504 é o código internacional de Honduras. ZIP, em inglês, significa CEP, assim a obra localiza o país de criação do produto, mostrando que, mesmo que para o consumidor final não importe como o produto foi produzido, é necessário reconhecer por quais países ele passou, o que a sua produção acarretou, como a exploração se faz presente no consumo de massa. 

O coletivo desejava, através da visibilidade da obra, chamar atenção às práticas econômicas e suas implicações sociais em países periféricos, provocar um debate em outros circuitos para além das mesas de debates econômicos. Afinal, você sabe o que os produtos que consome carregam?

Colírio por Julia Baker

Portals (2019), Guadalupe Maravilla

Portals (2019), Guadalupe Maravilla

O corpo carrega traumas. Relações e experiências vividas em nossa infância se manifestam de formas diferentes em nossa vida adulta. Talvez seja uma timidez exagerada, ou um movimento repetitivo com as mãos quando se está em uma situação tensa. Expressamos física e psicologicamente nossas histórias […]

Movement (2021), Sheena Rose

Movement (2021), Sheena Rose

O que se espera de uma mulher negra caribenha? Que ela se comporte de uma certa maneira? Se vista com certas roupas? É estranho, mas criamos imagens a partir de um imaginário, ou falta dele, sobre indivíduos e nações que não temos conhecimento. A região […]

Atadademanos (2010), María José Machado Gutiérrez

Atadademanos (2010), María José Machado Gutiérrez

Quantas vezes somos caladas ou atadas, simbólica e fisicamente, por sermos mulheres? Não é nosso sexo o problema mas, como fala Lynda Nochlin, são as instituições e a educação que, através de suas normas e condutas já vão determinando quais espaços podemos ocupar. Os movimentos feministas colocam essa pauta em evidência e lutam para que mudanças de paradigmas se tornem realidades, porém ainda temos um longo caminho pela frente, muitos padrões para serem mudados e cabeças a serem transformadas.

Enquanto isso resistimos e criamos rupturas nessa lógica cruel. María José Machado Gutiérrez já foi vítima da opressão e violência sofrida pelas mulheres. Em sua biografia relata que seu padrasto destruiu toda a sua produção artística e, após esse ato de violência, ela viu em seu corpo uma mídia potente e na qual as marcas de gênero eram visíveis e matéria para suas obras. 

Nosso corpo nos pertence? 

O corpo feminino por muito tempo foi visto como posse, posse do pai e depois posse do marido. Ia passando de mão em mão, sempre como um objeto domesticado pelo masculino. Abusado e desprovido de voz. Hoje quem nos possui é o Estado, quando cria leis as quais a mulher não tem autonomia sobre seu corpo. Em esferas macro ou no nosso lar, a mulher ainda é constrita, a regras, leis, códigos sociais… Seguimos amarradas. 

Em sua vídeo-performance, atadademanos, Gutiérrez enlaça suas mãos, sutura uma na outra, impedindo seu movimento. Em suas unhas, ela utiliza o texto de Nochlin para comentar o problema do gênero e das instituições e educação, como a mulher é tratada a partir das normas sociais impostas tantas vezes.

A falta de mobilidade de suas mãos simboliza os momentos em que não podemos nos mexer, em que, por medo, não nos impusemos, tivemos que seguir o que nos era colocado como nosso lugar, como nosso papel.

Ainda seguimos de mão atadas, muitas vezes por forças maiores, mas os nós vão se afrouxando.

Para saber mais sobre a artista, acesse: www.mariajosemachadogutierrez.com

Colírio por Julia Baker

Los conquistadores (1961-1962) – Violeta Parra

Los conquistadores (1961-1962) – Violeta Parra

Violeta Parra foi muitas. Artista visual, folclorista, cantora, compositora, isso para citar apenas algumas de suas várias entradas no âmbito cultural. Durante sua curta vida, ele cometeu suicídio com apenas 49 anos, ela investigou a cultura chilena, catalogando manifestações populares e sendo uma das principais […]

We Can’t Breathe (2020) – Maria Adela Diaz

We Can’t Breathe (2020) – Maria Adela Diaz

Eu não consigo respirar. Essa foi a frase que George Floyd falou repetidas vezes enquanto um policial colocava seu corpo em cima do pescoço de Floyd. Após sua morte, protestos aconteceram ao redor do mundo. Entre os cartazes com frases sobre racismo e desigualdade, alguns […]

Asamble (2016) – Amalia Pica

Asamble (2016) – Amalia Pica

Reunião. Sentar e conversar sobre diferentes assuntos parece ser uma prática que fazemos desde que somos pequenos. No maternal sentamos em roda, fazendo brincadeiras, cantando canções. Ao longo da vida escolar, continuamos a sentar em rodas, dependendo da matéria ensinada a disposição dos corpos até se altera mas, em algum momento nos reunimos em uma roda para trocar. Mesmo na vida adulta, em conferências ou momentos informais, estar em roda nos acompanha. No formato circular conseguimos olhar nos olhos de todos que participam, a distinção hierárquica se dilui mais facilmente, não há a separação que um professor impõe quando pede para as cadeiras estarem viradas para um quadro de giz. A roda parece trazer igualdade, união.

A artista argentina Amalia Pica utiliza o conceito de uma assembleia, um encontro de corpos para desenvolver seu trabalho Asamble. A performance convoca diferentes corpos a participar. Em um espaço público, cada participante leva uma cadeira e se inicia a intenção de se formar uma roda. Todos vão colocando suas cadeiras no lugar, a forma geométrica começa a aparecer, porém, antes que a roda se feche, alguém se levanta e muda de lugar, cria uma nova assembleia em outro espaço e os demais seguem. O encontro nunca se concretiza pois o assentamento de corpos nunca é finalizado. O nome da obra revela tal intenção ao ser a palavra Assembleia sem algumas letras. Ao mesmo tempo que a ação nunca acontece, ela se mistura com a vida do espaço público, não parece causar grande estranhamento, a praça é um espaço de corpos ativos, circulantes que andam e se dispersam.

Mesmo que, na obra, o encontro e a troca estejam sempre sendo interrompidos, a artista cria um senso de comunidade entre as pessoas que realizam sua obra. Elas se encontram anteriormente, realizam ensaios, combinam a coreografia. A partir da cumplicidade dos corpos, a ação pode ser feita. Ação inacabada e sempre interrompida. Simboliza um corte, palavras que poderiam ser ditas mas, porque temos que nos mover ou porque não conseguimos nos organizar, nunca saem da garganta.

A obra promove uma ampla discussão sobre o senso de comunidade e o encontro. E nos faz perguntar: quando a roda irá se fechar para começarmos a conversar?

Colírio por Julia Baker

Malabarismo Monumental (2011) – Alejandro de la Guerra

Malabarismo Monumental (2011) – Alejandro de la Guerra

2020 foi um ano singular, as incertezas pareciam pipocar a cada dia que passava. Incertezas relacionadas a um vírus desconhecido, a vida, ao trabalho e as relações que o futuro iria permitir. Ao meio de um caos sanitário, o assassinato de George Floyd por policiais […]